12 de junho de 2008

O poeta das múltiplas identidades comemora 120 anos...

...esta sexta, 13 de Junho, 2008

A MINHA PÁTRIA É A LÍNGUA PORTUGUESA

Porque eu sou do tamanho do que vejo / E não do tamanho da minha altura...

Ai que prazer / Não cumprir um dever, / Ter um livro para ler / E não o fazer!

Não sei quantas almas tenho.

Estes são alguns excertos da obra de Fernando Pessoa (1888-1935), um dos maiores poetas de sempre.

Além de Bernardo Soares, Fernando Pessoa assumiu outras identidades. Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis fazem parte da sua imensa obra. Todos diferentes, com forma de escrita diferente, com personalidade própria. Mesmo na sua vida diária, Pessoa ia mudando de nome e adoptava uma ou outra personalidade. Um episódio curioso deu-se quando, num encontro com o seu amigo José Régio, pediu desculpa por Fernando Pessoa não poder aparecer, apresentando-se como Álvaro de Campos.

Quem cria o heterónimo (que significa exactamente ser uma outra pessoa ou ter uma personalidade diferente), designa-se de ortónimo. Através dos heterónimos, Pessoa reflectiu sobre a relação entre verdade, existência e identidade. Este último factor, possui grande notabilidade na famosa misteriosidade do poeta.

Os seus poemas, ou apenas alguns versos, são muito usados na música.
O cantor brasileiro Caetano Veloso possui uma canção chamada "Língua" em que existe um trecho inspirado num artigo de Fernando Pessoa chamado "A minha pátria é a língua portuguesa". O trecho é: A língua é minha Pátria / E eu não tenho Pátria: tenho mátria / Eu quero frátria.
Já o compositor também brasileiro, Tom Jobim, transformou o poema "O Tejo é mais Belo" em música.
A cantora Dulce Pontes musicalizou o poema "O Infante".Também o grupo Secos e Molhados, do Brasil, musicalizou a poesia "Não, não digas nada".
Os portugueses Moonspell cantam no tema Opium, um trecho da obra Opiário, de Álvaro de Campos, um dos heterónimos de Fernando Pessoa.

Ele é, inclusivamente, um dos raros poetas portugueses com poemas usados em composições musicais no leste da Europa.
Konstantin Nikolski, um dos maiores nomes do rock russo dos anos 80 do século XX, musicou e interpretou alguns poemas pessoanos. No ano passado, depois de um intervalo de mais de 15 anos, editou o álbum "Ilusões", cujo título foi buscar ao poema de Fernando Pessoa "O sono - Oh, ilusão! - o sono? Quem".
Musicou ainda dois outros poemas do autor de "Mensagem": "Entre o sono e o sonho" e "Vida minha, de onde vens e para onde vais".
Nikolski diz que os poemas já contêm música, basta adivinhar qual é.
A popularidade do grupo português Moonspell também contribuiu para que os poemas de pessoa sejam conhecidos na Rússia.
O cantor russo Boris Vitrov interpreta "Canção antiga na taberna vizinha", com letra de Fernando Pessoa e música de Robert Michaels.
Também em língua russa canta-se o poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio", do heterónimo Ricardo Reis.Versos de Fernando Pessoa foram usados no filme estónio "Sugisball" (Baile de Outono), do realizador Veiko Ounpuu, obra galardoada com o prémio Venice Horizon Award do Festival de Veneza, 2007.
O filme começa com os versos do poema "Tabacaria" - "Fiz de mim o que não soube /E o que podia fazer de mim não o fiz" - ditos repetidas vezes pela personagem principal.
Entre muitos e muitos outros.

Para saber mais sobre a vida de Fernando Pessoa AQUI

EIS TRÊS FORMAS DIFERENTES DE MUSICAR POEMAS DE FERNANDO PESSOA

A letra da música "Infante", composta por Fernando Pessoa/Dulce Pontes
retirado de "A Mensagem".

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce
Deus quis que a Terra fosse toda uma
Que o mar unisse, já não separasse
Sagrou-te e foste desvendando a espuma

E a orla branca foi
De ilha em continente
Clareou correndo até ao fim do mundo
E viu-se a terra inteira, de repente
Surgir redonda do azul profundo

Quem te sagrou, criou-te português
Do mar e nós em ti nos deu sinal
Cumpriu-se o mar e o império se desfez
Senhor, falta cumprir-se Portugal

E a orla branca foi
De ilha em continente
Clareou correndo até ao fim do mundo
E viu-se a terra inteira, de repente
Surgir redonda do azul profundo

Dulce Pontes canta "Infante"




Caetano Veloso canta "A Língua"




Uma outra música com estilo diferente do grupo português Moonspell, mas que cantam em inglês, Opium.




Valeu a pena? Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena.
Fernando Pessoa

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